Política

Dólar sobe quase 1% com volta de temor fiscal no Brasil e após dados dos EUA; Ibovespa cai

A divisa norte-americana tem acumulado ganhos sobre o real após declarações do presidente Lula na terça-feira em que questionou o cumprimento do arcabouço fiscal caso existam “coisas mais importantes para fazer”

O Ibovespa recuava na manhã desta quinta-feira (18), com agentes financeiros digerindo dados de novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, enquanto em Wall Street os futuros acionários operavam sem tendência única.

Às 10h50, o Ibovespa cedia 0,48%, a 128.826,60 pontos, enquanto o contrato futuro do Ibovespa com vencimento mais curto, em 14 de agosto, caía 0,33%.

No mesmo horário, o dólar à vista subia 0,96%, a R$ 5,5355, à medida que os investidores aguardam a decisão de política monetária do Banco Central Europeu e novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, em busca de sinais sobre a trajetória de juros do BCE e do Federal Reserve.

Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4850 na venda, em alta de 1,03%.

O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 12 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.

No cenário doméstico
Nesta semana, a divisa norte-americana tem acumulado ganhos sobre o real após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira em que questionou o cumprimento do arcabouço fiscal caso existam “coisas mais importantes para fazer”.

As falas do presidente em entrevista à TV Record reacenderam temores do mercado sobre o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal, dias antes da divulgação do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do terceiro bimestre, em que o Executivo precisará apontar como pretende cumprir a meta de déficit zero neste ano.

Mais cedo, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que Lula determinou que o governo não deve gastar mais do que arrecada, premissa que, segundo ela, deve se refletir no Orçamento para o próximo ano.

“Nós temos um compromisso com o país, por determinação do presidente e da equipe econômica, de não gastar mais do que arrecada”, disse Tebet em entrevista ao programa “Bom dia, ministra”, do CanalGov.

Os comentários da ministra não pareciam aliviar os investidores.

“Foi uma boa sinalização em termos de falas, mas o mercado fica um pouco cético sobre se isso vai ser efetivamente colocado em prática”, disse Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

“Isso (falas de Tebet) deveria aliviar um pouco a pressão, mas não é algo que estamos vendo agora”, acrescentou.

No cenário externo
No cenário externo, os mercados analisavam a decisão de juros do Banco Central Europeu e dados de auxílio-desemprego nos Estados Unidos.

A autoridade monetária da zona do euro decidiu manter sua taxa de depósito inalterada em 3,75%, como esperado por analistas, após um corte de 25 pontos-base na reunião anterior, o que havia iniciado um ciclo de afrouxamento monetário há muito aguardado.

As autoridades do BCE também reiteram seu compromisso com o retorno da inflação na zona do euro a sua meta de 2%, afirmando que os juros permanecerão suficientemente restritivos pelo tempo necessário. Eles não sinalizaram como devem agir nos próximos encontros.

Investidores também digeriam novos dados de auxílio-desemprego dos EUA que vieram acima do esperado, reforçando o argumento de que o mercado de trabalho passa por um processo de moderação.

O Departamento de Trabalho relatou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 20.000 em relação a semana anterior, a 243.000, acima da expectativa de 230.000 de especialistas consultados pela Reuters.

O dado, somado a números de inflação mais benignos no segundo semestre, devem reforçar a expectativa de um corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.

Os operadores estão precificando um corte inicial em setembro, com a possibilidade de dois cortes adicionais até o fim do ano. Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.

Apesar dos números, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,22%, a 103,900.

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