O professor Leonardo Manzan ressalta que a simplificação tributária tem sido uma das principais demandas das pequenas e médias empresas no Brasil nas últimas décadas. Em um ambiente onde a complexidade fiscal representa um dos maiores custos indiretos para os empreendedores, reduzir a burocracia e tornar as regras mais claras é fundamental para estimular o empreendedorismo, ampliar a formalização e fortalecer a competitividade.
Nesse contexto, a reforma tributária em andamento carrega a expectativa de que os novos tributos e modelos de apuração possam criar um ambiente de negócios mais justo, transparente e acessível. A mudança, se bem conduzida, poderá oferecer aos pequenos negócios um cenário com menos custos operacionais e mais segurança para planejar o crescimento.
Obstáculos enfrentados pelas pequenas empresas evidenciados por Leonardo Manzan
Conforme analisa Leonardo Manzan, as pequenas empresas sofrem de forma desproporcional com a carga burocrática do sistema tributário nacional. Obrigações acessórias complexas, regimes diferenciados e interpretações divergentes entre estados e municípios acabam exigindo recursos financeiros e humanos que nem sempre estão disponíveis para empreendimentos de menor porte.
Não é incomum que o custo de manter a conformidade fiscal — incluindo contabilidade, softwares especializados e consultoria — ultrapasse o valor efetivamente pago em tributos. Isso compromete a capacidade de investimento em áreas vitais como inovação, contratação de mão de obra qualificada e expansão de atividades.
Outro ponto crítico é a insegurança jurídica. A diversidade de normas e a falta de uniformidade na aplicação das regras tributárias tornam o planejamento das empresas incerto. Pequenos empreendedores muitas vezes se veem diante de autuações inesperadas, interpretações divergentes da legislação e exigências retroativas, que podem comprometer seriamente a sobrevivência dos negócios.

A simplificação não é apenas uma questão de eficiência administrativa, mas um elemento central para garantir estabilidade e confiança. Com regras mais claras, uniformes e previsíveis, será possível criar um ambiente no qual o empreendedor possa direcionar sua energia para o desenvolvimento do negócio, e não para resolver conflitos tributários.
Potenciais ganhos da reforma tributária para pequenos negócios
De acordo com Leonardo Manzan, a substituição de tributos como ICMS, ISS, PIS e Cofins pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) pode trazer ganhos importantes em termos de transparência e previsibilidade.
Uma das maiores vantagens dessa unificação é a uniformização das regras em todo o território nacional, reduzindo as disputas entre estados e municípios sobre competências de arrecadação. Essa mudança tende a eliminar um dos principais focos de insegurança jurídica enfrentados pelas pequenas empresas, que frequentemente se veem envolvidas em conflitos fiscais por simples divergência de interpretação.
Outro benefício esperado é a redução do tempo gasto com obrigações acessórias. Atualmente, estudos apontam que empresas brasileiras destinam, em média, mais de 1.500 horas por ano para lidar com o cumprimento de exigências fiscais — um dos índices mais altos do mundo. Para pequenos negócios, isso significa menos tempo para prospectar clientes, melhorar processos e investir em inovação.
Com uma estrutura tributária mais simples e integrada, será possível redirecionar esse tempo para atividades produtivas, permitindo que o empreendedor foque no crescimento e na melhoria dos produtos e serviços oferecidos.
A importância da manutenção de regimes especiais
O Dr. Leonardo Manzan observa que, apesar dos benefícios da simplificação, é fundamental garantir a preservação e atualização de regimes especiais como o Simples Nacional. Esse regime é um dos pilares de sustentação das micro e pequenas empresas no Brasil, não apenas por oferecer uma carga tributária ajustada, mas por reduzir significativamente a burocracia envolvida no cumprimento das obrigações fiscais.
Entretanto, o professor alerta que qualquer reforma precisa manter um equilíbrio entre a simplificação geral do sistema e a proteção aos pequenos negócios. Caso haja perda de benefícios ou aumento de carga tributária sem contrapartidas adequadas, o impacto pode ser negativo, levando à retração do empreendedorismo e ao crescimento da informalidade.
Ele defende que o Simples Nacional seja adaptado ao novo contexto tributário, de modo a preservar sua função de incentivo à formalização e ao crescimento. Isso pode incluir ajustes nas faixas de faturamento, atualização dos limites de receita e incorporação de novas modalidades de apuração simplificada, alinhadas à digitalização dos processos.
Digitalização como aliada da simplificação
Um ponto adicional levantado por Leonardo Manzan é o papel da digitalização na implementação de uma tributação mais simples e acessível. Sistemas eletrônicos unificados, com interface intuitiva e baixo custo de operação, podem democratizar ainda mais o cumprimento das obrigações fiscais, mesmo para empreendedores com pouca familiaridade com tecnologia.
Além de facilitar o pagamento de tributos e a emissão de documentos fiscais, a digitalização reduz a margem para erros e inconsistências que poderiam gerar autuações. Ao centralizar as informações, também amplia a transparência e a fiscalização, garantindo que todos os contribuintes estejam sujeitos às mesmas regras.
Nesse sentido, a adoção de plataformas nacionais integradas, que concentrem todas as obrigações em um único ambiente, pode representar um avanço histórico na relação entre fisco e contribuinte.
Perspectivas futuras para o empreendedorismo no Brasil
A simplificação tributária pode atuar como catalisador de um ciclo virtuoso na economia brasileira. Ao reduzir custos de conformidade e aumentar a previsibilidade, pequenos negócios terão condições mais equilibradas para competir com empresas de maior porte, inclusive no mercado internacional.
Esse ambiente mais favorável tende a estimular investimentos, fomentar a inovação, gerar empregos e, por consequência, ampliar a arrecadação tributária de forma sustentável. Ou seja, simplificar não significa reduzir receitas públicas, mas sim criar as condições para que mais empresas prosperem e contribuam de forma contínua para o desenvolvimento econômico.
Outro aspecto relevante é o estímulo à formalização. Muitos empreendedores permanecem na informalidade por considerarem inviável arcar com os custos e a complexidade do sistema atual. Ao tornar o cumprimento das obrigações mais simples e barato, a reforma pode atrair um contingente significativo de trabalhadores e negócios para a economia formal, ampliando a base de contribuintes.
Simplificação como motor do crescimento
Para Leonardo Manzan, a simplificação tributária não deve ser tratada apenas como uma medida de eficiência administrativa, mas como uma estratégia de crescimento econômico e inclusão produtiva. Pequenas empresas são responsáveis por uma parcela expressiva da geração de empregos e renda no Brasil, e fortalecê-las significa reforçar a estrutura socioeconômica do país.
Ele enfatiza que, ao alinhar simplificação, preservação de regimes especiais e segurança jurídica, a reforma tributária terá condições de promover um ambiente de negócios mais saudável, inovador e competitivo. A equidade nas regras, a redução de barreiras burocráticas e a previsibilidade nas relações com o fisco formam a base para que os empreendedores possam planejar e expandir suas atividades com confiança.
Assim, a simplificação se apresenta não apenas como uma pauta técnica, mas como um verdadeiro motor de transformação, capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável, incentivar a inovação e fortalecer a competitividade das empresas brasileiras no cenário global.
Autor: Mikesh Tok