Política

Lula: ‘Problema da violência no Rio de Janeiro termina sendo um problema do Brasil’

Rio – Um dia após a morte do miliciano Faustão e da queima de 35 ônibus na Zona Oeste da capital, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Governo Federal vai ajudar no combate ao crime organizado no Rio de Janeiro. Nesta terça-feira (24), o político afirmou em suas redes sociais que já articula com o governador Claúdio Castro e com o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, formas de combater o armamento e reverter a imagem de insegurança no estado.

De acordo com Lula, a intenção é fazer com que haja um aumento de fiscalização de agentes federais em portos e areoportos do Rio.

“O problema da violência no Rio termina sendo um problema do Brasil. Hoje eu vou conversar com o ministro da Defesa, na perspectiva de fazer com que a aeronáutica possa ter uma intervenção maior nos aeroportos e a marinha possa ter uma intervenção maior nos portos do Rio de Janeiro, para ver se a gente consegue combater o crime organizado, o narcotráfico e tráfico de armas”, explicou Lula.

Ele também caracterizou o enfrentamento ao crime organizado como um problema crônico nacional. Segundo o político, enquanto o povo brasileiro passar fome, sofrer com desemprego e abandono, o crime organizado terá possibilidade de crescimento.

“A verdade é que tudo isso está ligado às condições de vida do nosso povo e nós precisamos ter consciência disso” afirmou o político.

O Presidente, no entanto, negou que vá realizar uma intervenção militar no estado e disse que não quer tirar a autoridade nem do governador nem do prefeito. No vídeo o político disse que quer compartilhar as responsabilidades e trabalhar junto com outras autoridades para solucionar a violência no Rio.

“É preciso que a gente dê tranquilidade ao povo e vamos discutir no governo federal como é que a gente pode participar mais. Como é que a gente pode acionar mais a Polícia Federal e como a gente pode fortalecer mais a Força Nacional”, defendeu Lula.

O Político ainda aproveitou para fazer uma crítica ao governo anterior e reforçou que, para ele, a liberação da venda de armas no país “de forma atabalhoada” expandiu o arsenal do crime organizado. Lula chamou “crime ao povo brasileiro” a possibilidade de que bandidos possam comprar armas em mercados autorizados.

Nesta segunda-feira (23), após as cenas de violência que tomaram a Zona Oeste, O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prometeu, através das redes sociais, que iria aumentar o efetivo de equipes federais no Rio nesta terça (24).

“Estamos mantendo e ampliando operações diárias no Rio, no que se refere à competência federal, com realização de prisões, investigações, patrulhamento e apreensões. Vamos aumentar mais ainda as equipes federais, em apoio ao Estado e ao Município. Em um sistema federativo, temos que respeitar os demais entes da Federação e buscar ações convergentes, o máximo quanto possível”, declarou.

Dino deve se reunir ainda nesta terça-feira (24) com o secretário executivo Ricardo Cappelli; o secretário nacional de segurança pública, Tadeu Alencar; o comandante da Força Nacional, coronel Alencar, superintendências da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, e também com as equipes dos governos estadual e municipal.

Segundo o ministro as decisões deve ser tomadas nos próximos dias sob orientação do Presidente.

Violência na Zona Oeste

O miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como Faustão ou Teteu, foi morto em um confronto com policiais civis, na comunidade Três Pontes nesta segunda-feira (23). Como represália o grupo paramilitar ateou fogo em 35 ônibus, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento.

Em apenas um dia, a cidade teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo o Rio Ônibus. O município chegou a ter 121 km de congestionamento, às 18h, quase o dobro da média registrada nas últimas três segundas-feiras neste horário.

A ação dos criminosos afetou, principalmente, os bairros de Santa Cruz, Campo Grande, Paciência, Guaratiba, Sepetiba, Cosmos, Recreio, Inhoaíba, Barra da Tijuca, Tanque e Campinho. Em alguns destes locais, pneus também foram incendiados e serviram como barricadas para impedir a passagem das polícias Civil e Militar.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para 36 eventos de fogo em veículo em diversos pontos da Zona Oeste. Cerca de 200 militares de 15 atuaram no combate às chamas. Não há registro de vítimas.

Ainda durante a operação que matou o miliciano, a Polícia Civil prendeu um criminoso, apreendeu dois fuzis, uma pistola, dezenas de carregadores, centenas de munições, rádios transmissores, coletes e celulares.

Cláudio Castro deu colteiva sobre o assunto

Na manhã desta terça-feira (24) o governador Cláudio Castro se reuniu, com a cúpula da Segurança Pública do Rio, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), no Centro da cidade. Durante coletiva, Castro disse que a polícia está muito perto de prender Luís Antônio da Silva Braga, o ‘Zinho’, que o principal miliciano da Zona Oeste.

Ele afirmou, ainda, que o terror levado à região após a morte de Faustão, mostra o desespero do grupo paramilitar com a atuação das forças de segurança.

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