O recente decreto assinado pelo governo dos Estados Unidos, que impôs tarifas contra o Brasil, não poupou o setor agrícola, especialmente o café, um dos produtos mais importantes para as exportações brasileiras. O chamado tarifaço impacta diretamente um dos pilares do agronegócio nacional, provocando preocupações no setor, que já se mobiliza para manter as negociações diplomáticas abertas, buscando mitigar os efeitos da medida.
O café, item essencial para a economia mineira e brasileira, foi excluído da lista de produtos isentos da nova taxação americana, enquanto outros como a castanha-do-pará e o suco de laranja conseguiram escapar das tarifas. Essa decisão pesa contra o agronegócio, que vê no mercado dos Estados Unidos um dos maiores consumidores mundiais da bebida, com Minas Gerais exportando cerca de R$ 1,5 bilhão em café para os americanos em 2024. O impacto do tarifaço ameaça a continuidade e competitividade dessa cadeia produtiva.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais, Antônio de Salvo, destacou a importância de prosseguir com o diálogo entre Brasil e EUA para encontrar uma solução diplomática que preserve o comércio bilateral. Segundo ele, é imprescindível usar a diplomacia para garantir que os produtores rurais mineiros continuem a desenvolver suas atividades com segurança jurídica e estabilidade econômica, mesmo diante dos desafios impostos pelas novas tarifas.
Além da Federação, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil também manifesta esperança de que negociações futuras possam resultar na isenção da taxação para o café. A expectativa é que, através do diálogo técnico e político, seja possível amenizar os impactos negativos para os exportadores, que dependem do mercado americano para escoar uma grande parcela da produção nacional.
Os Estados Unidos, embora dependam do café brasileiro, possuem alternativas no mercado internacional, especialmente com fornecedores como Colômbia e Vietnã, que podem reduzir sua vulnerabilidade às exportações brasileiras. Essa concorrência internacional torna ainda mais crucial a manutenção do comércio livre e competitivo entre Brasil e Estados Unidos para garantir o lugar do café nacional no mercado externo.
Mesmo com o decreto previsto para entrar em vigor, o setor agrícola se movimenta para que as negociações continuem. A intenção é que o governo brasileiro mantenha as portas abertas para o diálogo com os EUA, evitando que a tarifa represente um prejuízo severo para a economia mineira e o agronegócio brasileiro como um todo. A pressão pelo entendimento cresce diante do impacto direto no emprego e na renda de milhões de trabalhadores vinculados à cadeia do café.
O tarifaço americano é visto como um desafio que pode afetar outras cadeias produtivas além do café, ampliando o receio sobre a estabilidade do comércio bilateral. A resposta do agronegócio envolve a busca por soluções técnicas e políticas que garantam segurança jurídica e a continuidade das exportações brasileiras, evitando que as tarifas provoquem uma retração profunda no setor que é motor da economia nacional.
Diante deste cenário, a continuidade das negociações com os Estados Unidos após o tarifaço se tornou um tema central para o agronegócio brasileiro. A expectativa é que o governo brasileiro atue de forma estratégica e firme para garantir que os interesses dos produtores rurais sejam preservados, buscando, assim, o equilíbrio entre a defesa do comércio exterior e a proteção das cadeias produtivas essenciais para o Brasil.
Essa pauta reafirma a importância do diálogo e da diplomacia para superar obstáculos comerciais que ameaçam a sustentabilidade econômica do agronegócio, sobretudo no segmento do café, que sustenta milhares de famílias e impulsiona a economia em Minas Gerais e no país.
Autor: Mikesh Tok