Em abril, Israel aprovou uma lei que permite que o governo ordene que emissoras estrangeiras interrompam temporariamente suas operações por motivos de segurança nacional.
Autoridades de Israel confiscaram equipamentos de câmera pertencentes à Associated Press (AP) na terça-feira (21), afirmando que a agência de notícias estava violando a lei ao fornecer transmissão ao vivo para a televisão Al Jazeera, informaram a AP e o Ministério das Comunicações de Israel.
Pouco depois, o Ministério de Comunicações do país determinou a devolução do equipamento para a AP.
Uma lei aprovada em abril permite que o governo ordene que emissoras estrangeiras interrompam temporariamente suas operações por motivos de segurança nacional.
No mês seguinte, Israel fechou as operações da Al Jazeera, uma rede de comunicação de propriedade do Catar, no país. O governo disse que havia preocupações com a segurança nacional e disse que elas permaneceriam fechadas durante a guerra na Faixa de Gaza.
Antes de devolver o equipamento, o Ministério das Comunicações de Israel disse em um comunicado que havia resolvido confiscar a câmera da AP na cidade israelense de Sderot. A AP foi informada, na semana passada, que estava proibida de fornecer material à Al Jazeera, mas continuou a fazê-lo.
“A câmera confiscada transmite ilegalmente o norte da Faixa de Gaza ao vivo para Al Jazeera TV, incluindo atividades da FDI (forças de defesa de Israel) e colocando em risco nossos combatentes”, disse.
Jornalistas deveriam poder trabalhar, diz governo dos EUA
A Casa Branca afirmou que o incidente é preocupante. A secretária de imprensa Karine Jean-Pierre disse que a Casa Branca examinaria a situação e que acredita que os jornalistas têm o direito de fazer seu trabalho.
A AP declarou em um comunicado que recebeu a ordem de desligar uma transmissão ao vivo que mostrava uma vista de Gaza a partir da cidade israelense de Sderot, dizendo que isso não se baseava no conteúdo, “mas sim no uso abusivo pelo governo israelense da nova lei de emissoras estrangeiras do país”.
A AP pediu às autoridades que devolvessem seu equipamento e permitissem que a transmissão ao vivo fosse restabelecida. A AP disse que recebeu uma ordem verbal para encerrar a transmissão em 16 de maio, mas que se recusou a cumpri-la. Não informou o motivo.
“A Associated Press condena com veemência as ações do governo israelense de encerrar nossa transmissão ao vivo, mostrando uma visão da Faixa de Gaza, e apreender o equipamento da AP”, disse a porta-voz da AP Lauren Easton.
A AP acrescentou que cumpriu as regras de censura militar que proíbem a transmissão de detalhes como movimentos de tropas que possam colocar os soldados em perigo. A AP disse que a filmagem ao vivo geralmente mostrava fumaça subindo sobre Gaza.
Transmissões ao vivo
Assim como a AP, a Reuters também fornece transmissão ao vivo de posições ao redor de Gaza para clientes em todo o mundo, incluindo a Al Jazeera.
A Al Jazeera criticou a medida, chamando a acusação de que ela ameaça a segurança israelense de “mentira perigosa e ridícula”.