SUS e cuidado contínuo são a base de uma saúde pública que funciona no dia a dia, e Ian Cunha costuma enfatizar que o verdadeiro ganho está menos no “socorro do momento” e mais no acompanhamento que evita agravamentos. Quando a saúde é tratada como evento, o sistema vira corrida atrás do prejuízo; quando vira trajetória, a prevenção, o controle e a coordenação do cuidado reduzem sofrimento, custos e desigualdades.
Na prática, isso significa reconhecer que consultas, exames e medicamentos fazem parte de um mesmo caminho, e não de ilhas desconectadas. O cuidado contínuo fortalece a atenção primária, melhora o uso de dados clínicos, organiza fluxos e diminui idas repetidas a pronto atendimento por problemas que poderiam ter sido acompanhados antes. Veja mais:
SUS e cuidado contínuo na atenção primária: a porta de entrada que organiza a jornada
O cuidado contínuo começa onde a vida acontece: no território. Unidades básicas, equipes de Saúde da Família e agentes comunitários não são apenas “entrada do sistema”; são o eixo que sustenta acompanhamento de gestantes, crianças, idosos e pessoas com condições crônicas. Ao manter vínculo e histórico, a atenção primária consegue identificar riscos cedo, orientar hábitos, ajustar medicações e encaminhar quando realmente necessário, evitando que tudo desague em urgência.

Além disso, a coordenação pela atenção primária melhora a experiência do cidadão. Quando há prontuário atualizado, acompanhamento regular e metas claras (como controle de pressão, glicemia, vacinação e saúde mental), o cuidado ganha previsibilidade e confiança. De acordo com Ian Cunha, o SUS se torna mais eficiente quando a unidade básica não é vista como etapa “menor”, e sim como centro de continuidade, capaz de reduzir filas e racionalizar exames.
Menos crise, mais controle e autonomia
Diabetes, hipertensão, asma, obesidade, depressão e outras condições de longo prazo exigem rotina clínica, educação em saúde e monitoramento. Sem acompanhamento, o tratamento vira improviso: a pessoa interrompe medicamento, perde retorno, não entende sinais de alerta e busca atendimento apenas quando a situação sai do controle. Isso aumenta internações evitáveis e torna o cuidado mais caro e mais doloroso para todos.
O cuidado contínuo muda essa lógica ao transformar o paciente em protagonista assistido. Planos terapêuticos, acompanhamento multiprofissional, grupos educativos, teleorientação quando possível e retorno programado criam um círculo virtuoso: melhora adesão, reduz complicações e aumenta qualidade de vida. Como Ian Cunha aponta, a grande vitória do SUS acontece quando o sistema consegue manter constância: menos picos de urgência e mais estabilidade clínica, com foco em metas simples e acompanhamento frequente.
Tecnologia a favor da continuidade
Cuidado contínuo depende de conexão entre pontos da rede. Quando informação não circula, exames se repetem, condutas se contradizem e o cidadão vira mensageiro do próprio histórico. A integração entre atenção primária, ambulatórios, hospitais e serviços de apoio diagnóstico precisa de protocolos, regulação bem desenhada e sistemas que conversem entre si, com segurança e responsabilidade no uso dos dados.
Tecnologia, aqui, não é “luxo”: é infraestrutura para continuidade. Prontuário eletrônico bem utilizado, lembretes de retorno, acompanhamento de indicadores, rastreamento de faltas e painéis de gestão ajudam a enxergar quem está perdendo seguimento e quem precisa de busca ativa. Assim como frisa Ian Cunha, digitalizar sem integrar não resolve; o que transforma o cuidado é usar informação para coordenar a jornada, garantir retorno após encaminhamento, evitar vazios assistenciais e sustentar acompanhamento.
Em síntese, SUS e cuidado contínuo resumem uma ideia poderosa: saúde não é evento, é acompanhamento. Segundo Ian Cunha, quando o sistema consegue manter vínculo, registrar histórico, coordenar encaminhamentos e acompanhar condições crônicas com regularidade, ele reduz crises, melhora resultados e protege o cidadão do ciclo de urgências repetidas. Assim o SUS deixa de ser apenas resposta ao agravamento e passa a ser presença constante na prevenção, no controle e na qualidade de vida da população.
Autor: Mikesh Tok